sábado, 14 de novembro de 2015

Depois de muito tempo sem tempo para escrever, algo me fez arranjar um espaço na vida louca de professora. Estamos vivendo dois momentos trágicos, um para o Brasil e outro, sim, para o mundo.
Barragens rompidas em Mariana, Minas Gerais, destruíram famílias, vidas, sonhos, tragédia que abalou o país todo. Durante uma semana comentada. Depois esquecida ou abafada pela mídia.
Em Paris, um ataque terrorista destruiu famílias, vidas, sonhos. Tragédia que abalou todo o mundo. Está sendo comentada o dia todo pela mídia.
Mariana vai demorar muito para se reerguer. Por questões políticas, financeiras, nosso país tem líderes incompetentes e corruptos colocados por nós mesmos no poder. Um aviso prévio poderia ter ajudado na evacuação dos moradores de Mariana. Aviso que não existiu. Uma acidente que afeta a natureza, a vida.
Paris pode se reerguer mais rápido. Tem líderes que prontamente foram ao local do atentado. Moradores que sabem cantar seu hino em homenagem ao país. Mas é frequentemente vítima de atentados, assim como outros países que não ouso citar, ainda, pela minha ignorância da história. Porém, sabemos que os motivos para esse atentado não poderão ser corrigidos com doações. A ignorância, a intolerância, o desrespeito à religião, às crenças e às opiniões alheias não deixaram esse tipo de atentado deixar de existir. A falsa liberdade de imprensa, a falsa democracia que o mundo vive, a falsa liberdade religiosa, a mentirosa ideia de que as mulheres são vistas como iguais e o interminável preconceito vai manter acidentes como esses.
Ninguém deixou de pensar em Mariana. Só a mídia que é manipulada politicamente e quer influenciar pessoas. Falar um dia, dois dias sem parar sobre Paris não fez ninguém esquecer do Brasil. Apenas quem é manipulado pela mídia.
Quer ajudar brasileiros? Deixa de dizer que baiano é vagabundo, que só pensa em rede; deixa de dizer que carioca é folgado, que negro é inferior, que branco é preconceituoso. Sou filha de nordestino e já ouvi horrores. Eu adoraria mudar de país. Ajude todos os dias. Seja respeitoso todos os dias. Não se deixe manipular, simples assim.
Uma dor não anula a outra.
Podemos começar um movimento no Mundo para acabar com a intolerância religiosa, com os preconceitos. Podemos também ser patriotas nas urnas, não votar por interesse individual e fazer doações às vítimas em Minas. Só criticar reportagens no facebook não vai ajudar.
Uma dor não anula a outra. Solidariedade não só aos compatriotas. Solidariedade ao ser humano. Vida não tem nacionalidade.

domingo, 26 de julho de 2015

Tinha que começar do começo. Desde a infância sou cheia de perguntas sem respostas. Vivi numa família tradicional e convencional, com pais trabalhando o tempo todo e ficava com meus avós parte do dia. Meus pais eram católicos, mas não seguiam a igreja. Meus avós eram católicos até meus dois anos; depois, por uma promessa, tornaram-se evangélicos. Vai saber por que uma pessoa faz uma promessa para mudar de religião! Aí começaram muitas dúvidas e dilemas. Ia com meus avós para um caminho, com meus pais não tinha nenhum específico. Ruim? Para mim não, e sim, ao mesmo tempo.
Até os 15, 20 anos, achava que Deus castigava. realmente, o que eu sentia por Deus, era medo. Às vezes, ainda me pergunto: Deus vai me castigar? Mas mudei muito. Já fui evangélica, espírita, católica, catecista! Ensinava aos alunos a não fazer sexo antes do casamento, não usar tatuagem. E eu fazia tudo isso. Amo tatuagem. Fiz sexo antes do casamento. Tenho dúvidas sobre a legalização do aborto, sobre a legalização da maconha. Não sei se devo e posso resolver o que a mulher deve fazer com seu corpo. Aborto é crime? Fumar maconha é errado? E cigarro, também não é droga? Bebida não é droga? Remédio não é droga? Deus condena o aborto? Mas ter o filho e jogá-lo na lata de lixo ou maltratá-lo a vida inteira. Pode? Deus condena uso de drogas. Quais drogas? 
É tanta dúvida.
A principal dúvida é: eu tenho alguma coisa a ver com as escolhas de outra pessoa?
Diante de tantas perguntas, ser catequista virou só um certificado. Não posso formar ideias e conceitos de outra pessoa. Nem as minhas estão totalmente formadas, se é que um dia estarão.
No fim de tudo, agradeço por ter pais que não seguiam nenhuma religião, que não tinham dinheiro para me manter na faculdade sem que eu também trabalhasse, pais separados e, entendam bem que, separação foi difícil para a minha vida pessoal, acreditar em casamento, amor verdadeiro, muito difícil. Mas brigas o tempo todo seria muito pior para minha adolescência.  Ter meus pais separados me ajudou a me tornar independente, saber que um casamento tem que durar por amor, não por conveniência. Mas também me prejudicou. Fica para outro capítulo. Mas não ser obrigada a seguir uma religião, uma profissão que eu não queria, ter que trabalhar, me ajudaram muito a crescer. Gosto do que me tornei. Isso já é uma vitória. Minha vida cheia de medos e complexos tem um alívio quando me lembro que sou honesta, verdadeira e batalhadora. Falta perder o medo de água, de dirigir, de não me realizar profissionalmente nunca, de não ter opinião formada sobre muitas coisas. Bom, melhor do que ser manipulada.
Meu nome é Maria Isabel. Sou professora da rede pública do Estado de São Paulo, em Jacareí, e tradutora. Apaixonada por escrita e, mais apaixonada ainda, pelo ato de falar...rsrs... Quem somos nós se não pudermos falar - fisicamente ou num papel, na escrita, nos gestos - tudo que pensamos, sentimos. Este blog, se eu conseguir continuá-lo (já tenho outros três e não mantive nenhum), será para eu falar de diversos assuntos, notícias ou temas que despertam a nossa curiosidade. Acima de tudo porque penso tantas coisas, tenho tantas ideias que não consigo falar, expressar, seja por falta de tempo ou compreensão das pessoas.
Nunca tive diário. Não tenho nenhuma paciência. Hoje meu diário é meu marido. Me ouve o tempo todo. Mas, ainda passa tanta coisa na minha cabeça, "penso, logo existo"; achei uma boa ideia escrever o que penso, acho, quero. Minha opinião é muito importante. Para mim. Quanto mais escrevê-la, mais me conhecerei. Espero me entender, crescer, superar meus medos e desabafar. Alugarei menos ouvidos por aí. Os ouvidos do meu marido continuarão sendo usados...